NORDESTE
Por Mattusstyle
NORDESTE TRANSMONTANO!
Visita ao Nordeste:
Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Carrazedo de Montenegro, Valpaços, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Azibo, Bragança, Cachão, Vila Flor, Chaves e Alvão.
Conheço mal, para não dizer que não conheço o Nordeste. Conheço mal o centro e sul interior. Tenho uma vontade enorme de conhecer terrinhas deste Portugal desconhecido.
É preciso começar por algum lado! Como alguém diria, começar pelo princípio. Para mim o princípio é de norte para sul. Não fosse eu do norte carago!
O nordeste transmontano é um bom princípio. Vou começar por aí.
Venham daí. Vamos?
VIAGEM E ESTADA
Ano da graça de 2009, Sexta à noite, Julho 18.
- Ouve linda, amanhã vamos dar um passeio.
- Pode ser, aonde?
- Ao Nordeste, mas sem um destino definido.
- Ao Nordeste? Explica-te!
- Blá, blá, blá, wiskas saquetas, está a situação explicada. Quer dizer, vamos fazer aquela viagem que prometemos e nunca mais nos resolvemos a faze-la.
Neste Verão resolvemos fazer a viagem há muito anunciada ao nordeste Transmontano.
No dito cujo dia seguinte, Sábado, carro apontado à estrada e lá fomos.
Portagem de Guimarães Sul e autoestrada em direção a Trás-os-Montes.
O ar estava límpido. O tempo brindou-nos com um sol radioso logo pela manhã. O dia pôs-se quente mas francamente suportável.
Depois de comer alguns quilómetros de asfalto, comentei com a minha parceira:
- Está a ser monótono. Vamos sair no Arco de Baúlhe e seguir pelos montes. Até porque, convém-te rever a terra dos teus primeiros anos de profissão!
- Acho bem. Como foram difíceis os primeiros tempos da carreira de professora!
Estrada fora com algumas curvas, chego rapidamente à fronteira do Minho com Trás-os-Montes, Cavez. Depois duma curva apertada, um barzinho surge na minha direita. Manobra rápida e
um pouco perigosa, estaciono à porta. Café e bolinhos para aconchego do estômago, pois já estava a ficar um pouco enjoado devido à fome. Foi esta a primeira paragem.
Ribeira de Pena seria a próxima mas não foi. Estrada no cimo do monte e esta vila no fundo do vale com a sua moldura urbano bem à vista do olho, melhor dizendo ao alcance de vista.
E olhando de cima, a visão não era má de todo.
- Descemos, não descemos, como é? - Perguntei.
- Não vale a pena.
Não descemos. Em frente é o caminho.
Monte acima, passa aqui por baixo da A7, repassa ali e volta a passar acolá!
Depois de lamber mais alguns quilómetros de asfalto, surge a A24 e logo a seguir Vila Pouca de Aguiar. Linda, simpática, limpa e arrumadinha, de ruas bem alinhadas, e como está na moda,
uma só para peões. Estacionamos onde pudemos, e estacionamos bem. Num sítio com várias esplanadas junto a um parque infantil. "Tas se mesmo a ver num tas se?" Enquanto os papás tomam uma bebida e põem a conversa em dia, os filhotes brincam no parque, puxam o cabelo uns aos outros e assim não chateiam os adultos! É giro não é? Mais dois cafezinhos da ordem. Era preciso despertar totalmente, pois muitos mais quilómetros de estrada esperavam ser percorridos por nós.
Demos uma voltinha a pé para desentorpecer as pernas, e ala que se faz tarde. A estrada está à nossa espera.
Vamos por onde, por onde vamos?
- Ó senhor, qual o melhor caminho para Mirandela?
- Sei lá! Vão por Valpaços: Por aqui, por ali, por acolá. Se não foi assim foi quase, pois pouco percebi do que me estava a tentar explicar.
- Muito obrigado.
Embiquei o carro na direção indicada e lá fomos estrada fora. A povoação a seguir mais ou menos significativa por onde passamos, foi Carrazedo de Montenegro. A paisagem é interessante!
Quintas e quintas pelo monte acima, de castanheiros geometricamente alinhados ao longo da estrada e não só. Está ali o dedo humano de quilómetros e quilómetros de plantações! Isto até
praticamente até Valpaços uma distancia razoável mais à frente.
A paisagem é esta, de Vila Pouca a Valpaços. A estrada serpenteia nestas montanhas, rasgada através destas harmoniosas plantações.
Nesta última localidade, Valpaços, nem paramos, mas percorremos de carro algumas ruas passando pelo centro da vila ou cidade? Razoável e simpática.
Passada a Cooperativa Agrícola, foi engolir estrada durante muitos quilómetros, atravessando o IP4 até Mirandela. Neste percurso, a paisagem mudou um bocadito. Na mesma a mão humana nas
extensões sem fim de altos e baixos a perder de vista, mas desta vez de oliveiras. É de admirar o alinhamento certinho como estas foram plantadas!
Depois de dois ou três quilómetros de Valpaços, a estrada alarga e é quase uma via rápida. Faz-se lindamente até Mirandela à beira Tua plantada.
De-quando-em-vez, uma montanha escarpada, despida de vegetação, com penedos e pedras num equilíbrio curioso. Neste trajeto, e durante largos quilómetros, avista-se o IP4. Este parece
uma cobra deslizando naquele terreno acidentado. É assim este Nordeste!
Ao longe avista-se o casario e o cimo dos prédios. Mirandela à vista!
MIRANDELA
Aqui chegados, deparamos com alguma confusão e grande movimentação. Além duma festa religiosa, os campeonatos de Jet Ski iam acontecer nesse fim-de-semana na albufeira das provas de
motonáutica da cidade de Mirandela. Por acaso consegui um lugar no parque de estacionamento mesmo perto do cais de descarga das máquinas aquáticas!
A azáfama era intensa. Guardas e mais guardas para proteger o acesso para junto dos competidores.
Mas voltando um pouco atrás, ainda vínhamos a uma distância razoável, e já víamos o reclamo no cimo de um dos hotéis da cidade. A primeira coisa que vimos, foi o dito cujo e várias
pontes, uma delas romana sobre o rio Tua.
Quando chegamos perto, as piscinas do hotel mesmo ao lado da ponte, saltaram à vista, dando no olho, ou chamando à atenção com as suas águas límpidas e transparentes que davam um ar de
frescura àquele local. Atravessamos a ponte e contornamos uma rotunda mesmo no fim desta. O parque das provas estava mesmo ali ao lado.
Mirandela é linda! O rio concede-lhe uma beleza ímpar e refrescante. As suas margens estão repletas de bonitos jardins, estatuetas, esplanadas, espaços relvados e movimentações constantes
de máquinas aquáticas a motor, deslizando nas águas daquela albufeira. Algo que é impossível não ver devido à sua imponência, é um chafariz gigante, com um repuxo de muitos metros de
altura, mesmo no meio daquele rio. Lindo!
Num outro ponto e também junto à margem dum rio mais pequeno que vai desaguar naquela grande superfície líquida, há parques de lazer todos relvados, para pausa e descanso. Agradável
mesmo!
Carro estacionado, dirigimo-nos à dita rotunda, e dali à rua só para peões. Percorremos essa rua até ao fim, e deparamo-nos com um jardim e o mercado aí plantado. Este jardim tem umas
dimensões razoáveis de arbustos com flores e espaços relvados. Num dos recantos deste jardim, uma estátua em bronze de uma mulher e uma criança, sobre um pedestal de granito em homenagem
às mães do mundo.
Entramos no mercado para ver e tão depressa entramos como saímos. Praticamente, saímos antes de ter entrado! Insignificante e não tinha nada para ver! Só que à saída, não resistimos
a um restaurante com uma bruta esplanada. “Restaurante Jardim”. O cansaço e a hora próxima do almoço ajudaram. Nem é tarde nem é cedo, vamos almoçar aqui. O que tem, o que não tem,
decidimos. Posta com batatas murro.
Também decidimos que íamos passar ali a noite. A D. Manuela já estava com um cansaço a roçar o extremo.
- Ó dona, há por aqui uma residencial ou um hotel para passar a noite e aproveitar para dormir uma cesta?
- Há uma aqui à frente mas não aconselho para os senhores. É um bocado pobre e não tem ar condicionado. (Esta acha que temos cara de ricos!). O Mira Tua na rua sem carros é melhor.
Deve ser um pouco mais caro, mas vale a pena.
Esta conversa e outra treta de deitar fora, deu-nos a senhora enquanto esperávamos pela comida. Devia ter necessidade de conversar e também de afiar a língua! Presenteou-nos com
um caudal de tretas que nunca mais acabavam. Mas but, quer dizer mas pronto.
Aceitamos a sugestão e dirigimo-nos ao hotel. No percurso de regresso, pois já lá tínhamos passado, verificamos onde estava a caixa Multibanco, não fosse preciso mais dinheiro, o
quiosque das revistas e jornais para ajudar a passar o tempo, os restaurantes e esplanadas para retemperar forças e porta de vai e vem do hotel. Entramos.
- Boa tarde, tem quartos?
- Devido às provas, tenho tudo cheio. Só se for uma suite! Dá para três pessoas, mas faço-lhe um desconto.
O senhor que nos falou, tinha acabado de chegar à receção. Forte e robusto, de meia-idade. Pelo tom de voz e a forma desenrascada como falou devia ser o patrão ou o gerente. A menina
e o senhor alto com quem tínhamos falado antes, quase nos despacharam.
- Pode ser, mas com uma condição: Disponibilizava-mo já, preciso descansar urgentemente.
- Está bem. É o 302 e são 55€. Vou mostrar-lhes a suite. A D. Manuela estava tão exausta, que quando viu a cama, já não saiu do quarto!
Enquanto ela ficou a descansar ou dormir, sei lá, o Mattu's, moi meme, aproveita para dar uma volta a pé pela cidade. Visitei alguns sítios pitorescos e tirei fotografias. Fui de um
a outro lado das margens daquele grande espaço aquático. Atravessei o riacho numa ponte que separa o parque de manutenção física duma zona habitacional com prédios. O pequeno rio de
margens empedradas e bem cuidadas, ia desaguar ao Tua.
No gaveto destes dois rios, um espaço relvado com um passeio em madeira a atravessa-lo. Mesmo no centro desse espaço relvado, uma estátua duma mulher feita em bronze. Tirei algumas
fotografias.
Quando regressava, uma sebe que servia de divisória aquela parte do espaço, chamou-me à atenção. Tufos viçosos e bem cuidados de flores miudinhas de cor lilás, alfazema! Escolhi o que
me pareceu mais denso e chamativo, e tirei-lhe uma foto.
Continuei a visitar alguns sítios pitorescos à volta do rio, enquanto a minha sócia descansava no Mira Tua.
Um dos bares tinha a esplanada suspensa por cima das águas. Se alguma viga cedesse, todo o mundo ia parar ao rio!
A montagem das barracas da feira, que iria acontecer no dia seguinte, provocava um barulho infernal dos martelos com ferros e ferros com martelos! As músicas brejeiras já ecoavam no ar.
Tudo isto muito próximo de um dos hotéis da cidade.
Tinha o polo molhado do suor, pois o calor era bastante, doíam-me os pés de caminhar, o cansaço meteu-se comigo e o apelo na minha mente, obrigaram-me a decidir. Vou para o hotel
descansar.
- Já que me acordaram, também não fico aqui - disse.
Preparamo-nos e voltamos para a rua.
- O hotel está pago. Vamos aproveitar os entrementes para visitar as redondezas – comentei.
Depois de percorrermos a pé alguns pontos próximos do hotel, eis o comboio turístico mesmo numa extremidade da ponte romana. Aproveitamos e fomos dar uma voltinha, e assim conhecer
pontos mais distantes da cidade. Nunca pensei que Mirandela fosse tão extensa e tão linda!
Mas que linda! Quem é ela?
Que deixa a gente pasmada!
É a cidade de Mirandela,
Do Nordeste é a mais bela,
À beira "Tua" plantada.
Mas é lindo, quem diria!
Tanta luz e tanta cor!
Pinceladas de beleza,
Feitas pela Natureza,
No Portugal interior.
Castanheiros e oliveiras
Por aqueles montes além,
Duas das grandes riquezas,
Que aquela gente tem.
No minicomboio, ficamos rodeados duma parolagem que nunca mais acabava! Tinham cara de “emigreiros” e com a ajuda da música residente da aparelhagem, cantavam aquelas canções malucas do
Quim Barreiros e outras. Coitados dos nossos ouvidos, foram massacrados a viagem toda! Paciência.
Esta viagem durou um pouquinho e deu para ver os locais mais interessantes daquela cidade. Quando acabou e já não era sem tempo, resolvemos visitar localidades das redondezas.
Onde ir primeiro? Eis a questão! Macedo de Cavaleiros e Barragem do Azibo. Dois ou três quilómetros mais à frente na direção de Bragança, é a entrada para o IP4. Para lá nos dirigimos,
e para a frente é que é o caminho. Andamos e andamos, passamos as placas indicando desvios para Miranda do Douro, Foz Côa, Vimioso e Guarda. Só depois apareceu a entrada para Macedo,
mas Azibo nada! Percorremos esta Vila de rua em rua e não achamos nada de especial. Uma vila como tantas outras. Já estávamos a sair num outro extremo, e nada que nos indicasse o caminho
para o Azibo. Numa paragem, uma senhora esperava certamente o autocarro. Parei e perguntei:
- Por favor informa-me onde é a barragem do Azibo?
- Tem de voltar para traz e apanhar a estrada para Bragança. Mais à frente vai encontrar placas a informar.
- Muito obrigado.
Lá tivemos de procurar a saída e novamente no IP4, andamos, andamos e nada.
AZIBO
Depois de nos fartarmos de andar, uma placa indicava à nossa direita: Azibo. Finalmente!
Mais um ou dois quilómetros, o máximo na nova direção, lá estava a famosa barragem e respetivo empreendimento balnear e turístico. Refrescante, repousante e bonito. Só de olhar já acalma!
Estradas de terra batida, extensões enormes de relva, uma praia em cada margem da albufeira. Um oásis no deserto e um paraíso perdido no mundo. Maravilha mesmo!
Carros e carros a perder de vista. Estavam estacionados em tudo quanto era sítio. Tinha esse senão, não ter onde estacionar. Como não gosto de andar para trás, continuei. Lá encontrei
onde estacionar. No parque dos autocarros: Largo espaçoso de erva seca cortada rente. Tem alguns bares de construção definitiva e muitas mais de roulottes com respetivas esplanadas.
Foi num destes que nos sentamos e refrescamos com bebidas, apreciando aquela bonita paisagem cheia de vida. Descansamos e tirei uma ou duas fotos. À saída, deu-nos no olho um reclamo
a dizer residencial. Vários negócios prosperam à custa daquelas praias artificiais.
Aquilo é bonito realmente!
Dali a Bragança não distava mais que vinte e cinco quilómetros. Já que é tão perto, aproveitei para visitar aquela cidade nordestina.
Se assim pensei, assim o fiz. Lá seguimos estrada fora.
O terreno neste percurso é semiplano. Pouca vegetação e seca. Uma ou outra vinha baixinha como no sul. A espaços largos, extensões grandes de capim ou feno seco duma cor amarelo dourado.
O que há pouco tempo fora erva verdejante era agora paisagem seca e agreste, parecida com o Alentejo em tempo de verão.
Bragança aproximava-se. Finalmente estava-mos a rodar nas ruas a avenidas da cidade. Uma placa indicava a direção da zona histórica.
- É para lá que vamos.
Meios perdidos, mas lá encontra-mos o que procurávamos. Pisos de pedras pretas e subidas até ao castelo. Tasquinhas e barzinhos dentro das muralhas. Engraçado! Tomamos uma bebida num
destes bares e aproveitamos para fazer uma xixada. Depois de mais algumas fotos ao local, uma porta oval talhada na muralha servia de saída das viaturas. Apontamos a essa saída, exterior
do castelo, novamente a cidade, IP4 e regresso.
A fronteira de Quintanilha distava dali cerca de 5 quilómetros. Resolvemos não ir. O regresso a Mirandela foi tranquilo. Chegamos ainda com sol e que alívio parecia que estávamos em
casa!
NOVAMENTE MIRANDELA
Mais uma voltinha, mais uma fotografia.
- Onde vamos jantar e o quê?
- Estamos na terra das alheiras…
- Pau de cera, ou pode ser. É a mesma me…, coisa.
Uma tasquinha típica da terra foi a escolhida. Alheiras, legumes e arroz. As alheiras estavam muito secas e os legumes eram feijão-frade com couves. Que balde, comemos mal! Como alguém
diria, passou a vez. Para ajudar a passar o tempo, mais uma voltinha, embora já houvesse poucas forças para tal. Aproximamo-nos do hotel. Como ainda era um pouco cedo, aterramos numa
explanada em frente e pedimos chá para os dois. Era preciso ajudar a digerir a porcaria do jantar.
Cerca das nove e trinta, entramos no hotel. Pedimos o cartão e subimos à suite 302. Era cedo mas antes que acabassem as poucas forças que nos restavam, tivemos de o fazer. É a vida!
Ouvíamos a música que ia para o ar do outro lado da ponte.
- Qual festa qual quê! Vamos dormir.
O cartão não funcionou à primeira, mas funcionou à segunda. Os lençóis eram brancos e cheiravam a lavado. As almofadas um pouco grossas para o que estávamos habituados, mas serviram
perfeitamente. Tapamos toda a luz do luar que pudesse vir da janela. Estávamos tão cansados, que a minha "cara-metade" adormeceu quase instantaneamente. Eu fiquei mais um pouco acordado
e a pensar: Uma resenha de imagens passaram como que um filme a correr na minha mente. Imagens do que vi durante a tarde no passeio solitário que efetuei. O filme reteve-se por instantes
nos tufos de alfazema e mais precisamente naquele que fotografei. Naquele momento, tive a sensação que um perfume a alfazema, emanava da minha companheira deitada a meu lado na cama
daquele hotel! Com este pensamento perfumado, adormeci suavemente. Eram mais ou menos vinte e duas horas.
Acordamos no dia seguinte. Uma luz ténue tentava espreitar pelo único espaço que a cortina grossa e espessa, duma cor grená escura não conseguia tapar. O sol propriamente dito viria
um pouco mais tarde. Este realmente não tardou. Parece que nesse dia nasceu mais cedo para nos alegrar. Eram oito horas de la manhana.
Acordamos bem-dispostos, pois tínhamos dormido umas horas jeitosas.
Tomamos um banho, juntos. A água do chuveiro jorrava com força. Ao mesmo tempo que nos lavava, massajava os nossos corpos. Foi um banho relaxante. Vestimos a única muda de roupa lavada
que levamos.
Frescos e viçosos como uma alface acabada de regar, ficamos prontos para descer para o Piano Bar no 1º andar. (bar do hotel). Um pequeno-almoço buffet, estava à nossa espera. Ainda era
cedo mas não fomos os primeiros. Já lá se encontrava um casal: Uma senhora de meia-idade e um jovem. Deviam ser mãe e filho. O jovem aparentava 20 ou 22 anos. Enquanto ela comia um pão
com queijo e uma chávena de café com leite, ele empanturrava-se com cereais. Repetiu três ou quatro vezes. Também não comeu mais nada! Pela T-Shirt dum qualquer clube náutico, talvez se
tratasse de um competidor das provas dessa tarde nas águas do Tua.
Pão, queijo, fiambre, compotas e geleias, sumos e café com leite, estavam à nossa disposição. Foram os primeiros retemperadores de forças daquele dia. A minha parceira comeu pouco, mas
eu abasteci o organismo o melhor que pude, para aguentar mais algumas passeatas que iriam ser feitas e estavam já planeadas. Estômago composto e rua. Decidimos tomar os cafezinhos numa
esplanada próxima. Passavam poucos minutos das oito.
Dirigimo-nos para a saída.
Na receção estava agora um jovem de estatura mediana. Entreguei o cartão e disse um até à próxima. Saímos.
O sol ainda não se tinha mostrado. Não demoraria muito a aparecer com toda a força. Depois de tomados os cafezinhos da ordem começamos realmente a funcionar.
- Está decidido, vamos a Vila Flor. Já sei o caminho para lá.
Atravessamos outros pontos da cidade e lá fomos estrada fora. Vila Flor espera por nós. Estávamos a entrar no carro para iniciar a viagem quando o telemóvel tocou. Era o rececionista
do Hotel dizendo que eu não tinha pago a conta! Disse que paguei e que tinha o recibo comigo. Estava em nome de outra pessoa e era referente ao quarto 202 e não 302. Não repara-mos!
A situação foi esclarecida e partimos.
Excetuando algumas montanhas verdes de pinheiros, alguns eucaliptos e escassos sobreiros, o relevo é pouco acentuado. A vegetação é baixa e composta sobretudo de arbustos, tojos e mato.
Ao longe uma capelinha parece equilibrar-se no cume duma montanha. Ao aproximamo-nos, verificamos tratar-se do mosteiro de Nossa Senhora da Assunção. Para lá ir, era preciso fazer um
desvio. Não o fizemos. Já faltava pouco para o nosso destino, Vila Flor.
VILA FLOR
À entrada desta vila, avistam-se plantações de oliveiras e castanheiros, mas sobretudo de muitos pomares. Rolamos na avenida principal daquele burgo, metemos por ruas e ruelas, passamos
numa feira de produtos da terra, currais de cabras e ovelhas para serem vendidas. Continuamos e fomos parar à zona mais antiga. Reparamos na promiscuidade de carroças, carrinhas e carros
diversos junto àquelas casas antigas tão bonitas, tapando as vistas das mesmas.
O casarão que serviu de cenário à novela da TVI, lá estava todo imponente. As suas portas e janelas de formas arquitetónicas, de uma beleza única, sempre agradáveis de ver, lá estavam
intactas e fascinantes. Como não podia deixar de ser, tirei uma foto. Pena que uma carrinha de transportar animais, tapasse metade da casa!
Caminhamos noutras ruelas com pisos bem cuidados com pedra de granito.
Saciamos as vistas e resolvemos partir de regresso à base, Mirandela.
Ao nosso lado, e numa extensão razoável, a linha do Tua parecia caminhar lado a lado com a estrada. Numa das descidas, pareceu-nos avistar ao longe uma cascata de água. Talvez fosse
uma miragem do deserto. Estava-mos perto do Cachão. Um anúncio mais a traz, falava da barragem com este nome. Umas placas colocadas num desvio pouco antes desta localidade, indicavam
umas terriolas com nomes de nascentes. Pensei que a dita barragem fosse para aquele lado! Não era.
- Ó senhor, por favor diz-me como se vai para a barragem do Cachão?
- Volte para traz e ali mais à frente onde diz Dona Sancha, vire à direita e vá sempre naquela estrada. Passa os depósitos da água, duas curvas meias coisas e é a seguir. Não vê logo a
barragem. Deve ter onde estacionar o carro e vá a pé num estradão de terra. A estrada subia serra acima, não encontrei onde estacionar. Tive de procurar onda dar a volta. Regressei com
o rabo entre as pernas, como sói dizer-se sem ver barragem alguma. Balde!...
Andamos, andamos e chegamos novamente ao ponto de partida, Mirandela. Nem paramos. Pé na tábua e gás para caminho de regresso a casa.
Velocidade razoável na estrada nacional que mais parecia uma via rápida. Atravessamos o IP4 e chegamos rapidamente a Valpaços. Aqui chegados, dirigimo-nos para o centro. Esplanada,
bebidas e descanso refastelados na dita debaixo do guarda-sol. Valpaços em direção a Chaves mais pelo interior.
Relativamente às construções, esta zona mudou um pouco. Enquanto no Nordeste as construções concentram-se nas localidades e o resto é deserto de quilómetros e quilómetros sem se ver
uma casa. Nesta estrada e principalmente no Minho, as pessoas constroem onde tem os respetivos terrenos. Por isso, nos trajetos que ligam as localidades umas às outras, há construções
em todo percurso. É por esta razão que em Trás-os-Montes as localidades crescem muito. Pudera, no resto dos percursos não há vivalma!
Passamos no miradouro de S. Lourenço e vimos Chaves por um canudo. Não foi bem por um canudo mas as vistas para a cidade são deslumbrantes. A cidade de Chaves não é assim tão pequena
como pensei! Fomos parar ao extremo sudoeste da cidade. Seguimos por uma estrada que tinha uma placa a dizer A24.
Andamos e fartamo-nos de andar e A24 de grila. Como para a frente é que é o caminho, não voltamos para trás. Depois de andar bastante tempo, uma entrada para a autoestrada. Estávamos
perto de Vidago. Da A24 á A7 foi um instantinho. E como dizia um colega: Coisa linda, uma placa a dizer Guimarães!
Já nesta última autoestrada, deu para apreciar as belezas da serra do Alvão. É mesmo bonita se for vista com olhos de ver! Velocidade moderada na A7, regresso calmo e sem incidentes.
O dia estava quase no seu término quando chegamos. Os últimos raios de sol tentavam esconder-se para lá da linha do horizonte. Era o fim da tarde, fim do dia e o fim da viagem ao
Nordeste. É o fim da linha, aliás do passeio.
Muita coisa ficou por ver. Haverá mais. Não sei quando mas haverá.
E assim, a viagem terminou precisamente onde começou, Guimarães.
Até á próxima Trás-os-Montes.